Foice e serrote

Não sei se já se deram conta mas anda para aí um banner que aparece em vários sites a convidar a fazer o jogo da morte para saber quanto tempo de vida nos resta, e sempre que passamos inadvertidamente com o rato por cima daquilo ouve-se o risinho sinistro da dita Morte capaz de nos arrepiar a espinha, e que está devidamente ataviada com as suas vestes negras e de foice em riste pronta para ceifar os incautos mortais, e pus-me a cogitar no porquê da foice em vez de outra coisa qualquer, a ideia era a morte como sendo uma ceifeira que ceifa as vidas, um golpe vindo do nada e já está, morreu, por mais que estejamos à espera ela acaba por vir quando ninguém está a ver, como a história da água que só ferve quando não estamos a olhar para ela, e essa coisa da foice faz-me uma certa confusão porque não é bem assim, o outro gajo bem que inventou a guilhotina para que a morte fosse rápida, cortem-lhe a cabeça e já está, como diria a Rainha de Copas, mas na realidade isso nem sempre acontece, há a chamada morte santa durante o sono e com um sorriso nos lábios, o ir-se como um passarinho, e no entanto há outras vidas cortadas a serrote, lentamente, estraçalhando-nos total e desnecessariamente, por que razão é que a gaja não usa a foice como é suposto, tem de se armar em esperta e usar o serrote, zás-zás-zás para a frente e para trás, serra-serra-serra, tens de morrer, zás-zás-zás-zás já só falta um bocadinho, bolas, ainda está aqui esta pelezita a manter a cabeça agarrada ao pescoço, enfim, é realmente uma pena que a tipa não use a foice, seria muito mais humano da parte da morte deixar-nos ir de uma só vez ao invés de nos deixar cozer em lume brando e a sofrer até ao fim.
06/01/2009
A ouvir: In the End, Linkin Park

1 comment:

  1. Isso da morte... para mim o Bill Hicks disse tudo:

    "I have a killer idea. I was watching Terminator 2. I was thinking to myself, you know there's no way they are ever going to top these stunts in a movie again unless they start using terminally ill people as stunt men.
    Well, hear me out. I know to some of you this may seem a little cruel: "Ahh Bill, terminally ill stunt people? That's cruel." You know what I think cruel is? Leaving your loved ones to die in some sterile hospital room surrounded by strangers. Fuck that, put 'em in the movies. Whaaaat? You want your grandmother to die like a little bird in some hospital room? Her skin so thin you can see her last heart beat work it's way down her blue veins . . .

    Or do you want her to meet Chuck Norris?

    "Hey, how come you dressed my mother up like a mugger?"

    "Shut up and get off the set. Action. Push her towards Chuck."

    "sssssssSSSSSShhhhHHHHCRUNCH!"

    "Wow, he kicked her head right off her body? Did you see that, did you see my grammy?"

    She's out of her misery and you've seen the greatest film of all time. I'm still feeling some resistance to this, what's up? You and your fake sympathy. Okay, not one of my more popular theories. But just do me one thing. Don't ever say you like film as much as I do. I think we've found your limit."


    A ouvir: Bottom Feeder (El Que Come Abajo), Corrosion of Conformity

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