Pequenos prazeres

Há uma série de pequenas coisas que tornam este tique-taque dos minutos mais suportável, e lembrei-me de fazer uma lista das que me vêm agora à cabeça:

- acordar de manhã com as gargalhadinhas do meu monstrinho das bolachas a rebolar na cama e a brincar com o Boris;

- o calor dos braços do dono dos olhos negros mais belos do mundo a envolver-me;

- afundar as mãos no pelo de um gato ou de um cão ou de um coelho ou qualquer outro bicho felpudo;

- estar sentada no cabo da Roca a sentir o vento na cara e a ver aquele mar imenso bravo e desafiante lá em baixo;

- o cheiro da erva acabada de cortar;

- uma chávena de Earl Grey quentinha;

- vestir uma peça de roupa lavada com aquele cheirinho a amaciador;

- estar na cama no meio dos cobertores e lençóis de flanela e ouvir a chuva a cair lá fora;

- comprar brinquedos novos para levar para uma qualquer instituição e imaginar o brilho nos olhos da criança que os irá receber;

- o piar de um mocho;

- ler o Cem Anos de Solidão ou A Imortalidade ou Jardins de Kensington;

- ouvir o Peter Gabriel a cantar Summertime do Gershwin;

- chegar a casa e ver o meu monstrinho das bolachas a correr na minha direcção e a abraçar-me;

- colher miosótis no meio de um campo verde;

- passear pelas ruas de Salamanca e comer um gelado na Plaza Mayor;

- as luzes do Natal;

- embrulhar presentes;

- ir a um museu de brinquedos e imaginar que tenho outra vez quatro anos e que não preciso de contar os minutos.

07/11/2008
A ouvir: Wonderful Life, Black

1 comment:

  1. Resolvi fazer também uma lista:

    - passear por Lisboa Velha, num dia de sol (Inverno ou Verão), sem destino;

    - tocar guitarra com os meus Khorda;

    - atravessar a Ria Formosa de margem a margem, ao entardecer, num barco minúsculo enquanto oiço a Where Do I Begin ou The Private Psycahdelic Reel dos Chemical Brothers;

    - escrever e sonhar fazer isso para o resto da vida;

    - o café nocturno com 2 ou três pessoas, sempre as mesmas de há anos para cá;

    - guiar até Tavira de janela aberta, com a música alto;

    - ficar sentado à beira mar ao entardecer;

    - ir religiosamente ao cinema às 6ªs ou sábados;

    - ver Tool ou NIN ou Pearl Jam ao vivo;

    - apaixonar-me diariamente sabendo que irá, eventualmente, aparecer alguém que me prenda;

    - levar a cena uma peça nova;

    - gastar demasiado dinheiro em livros;

    - ouvir a voz da Kristin Hersh;

    - um café e um cigarro no Restô, no miradouro da Graça, no Adamastor;

    - ler Poesia em voz alta;

    - a minha cadela a dormir em cima de mim;

    - o quente das mãos do meu pai e a voz da minha mãe;



    (se quisermos, esta lista nunca terá fim, não é?)

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