This is not America






Ok, não morro de amores pelos americanos em geral, mas simpatias à parte, o extremismo do politicamente correcto está a atingir os limites do absurdo, e já não bastava a guerra declarada pelos fundamentalistas aos mealheiros em forma de porquinho que alegadamente ofende o Islão (ainda gostava de saber o que é que não ofende), como agora foi aprovada a construção de uma mesquita a escassas centenas de metros do Ground Zero, aquele sítio onde antes existiam dois mamarrachos até ao dia em que uns quantos lunáticos se lembraram de atirar com aviões carregados de passageiros contra os prédios, provocando a morte de mais de três mil pessoas, isso, leram bem, mais de três mil pessoas, mais coisa, menos coisa, porque decerto deveria haver ilegais cujos desaparecimentos nunca foram comunicados, por exemplo, ou restos humanos por identificar no meio daquela pilha gigantesca de destroços que (des)fez corpos em carne picada - quem não se lembra da história do lavador de janelas que alegadamente levou em cheio com um avião em cima? -, estava eu a dizer que a Câmara Municipal de Nova Iorque aprovou a construção de uma mesquita a centenas de metros do Ground Zero, o maior símbolo do horror do fundamentalismo, e serei só eu a achar que isto é o cúmulo do descaramento, da falta de pudor, da ignorância, permitir a construção de um local de culto islâmico mesmo em cima do sítio onde milhares de pessoas foram massacradas em nome do fundamentalismo, e por mais voltas que dê à cabeça, não consigo entender como é possível permitir-se uma coisa destas, imaginem o que era abrir um McDonalds ou um Starbucks em frente à Kaba em Meca, porque aí já não é religião que está em causa, é um modo de vida, e tenho a certeza que um fundamentalista (atenção, não confundir islamismo com fundamentalismo, são duas coisas completamente distintas), dizia eu que um fundamentalista considera certamente mais ofensivo o arco duplo do M do MacDonalds do que a cruz de Cristo, e atrevo-me mesmo a dizer que a estrela de David - beeem, se calhar não iria tão longe -, mas serei só eu a achar a construção de uma mesquita, e volto a repetir, a centenas de metros do Ground Zero, do palco horrendo do 11 de Setembro, a maior afronta ao mundo ocidental? Meus senhores, já que não tendes respeito por vós mesmos, pelo menos respeitem a memória das vítimas e daqueles que as perderam. A América não é assim...